Você já ouviu falar em figuras de linguagem? Estes recursos são utilizados em uma infinidade de contextos na língua portuguesa, tanto falada quanto escrita, de conversas informais no dia a dia até os clássicos da literatura.
Ao usar as figuras de linguagem, também chamadas de figuras de estilo, a mensagem se torna mais eficaz e expressiva. Por outro lado, é necessário conhecê-las para melhorar a interpretação de texto.
Neste post, vamos explicar o conceito de figuras de linguagem, suas classificações e dar diversos exemplos de seu uso, para seu filho não esquecer mais e aproveitar todos os benefícios que este recurso oferece.
Saiba como o curso de Português do Kumon ajuda seu filho a aprender de verdade, lendo, escrevendo e interpretando textos com facilidade!
Leia mais:
O que são as figuras de linguagem?
Figuras de linguagem são recursos de estilo usados para dar tanto à comunicação falada quanto escrita mais ênfase, expressão e clareza. Ou seja, muitas vezes elas ajudam a tornar a mensagem mais compreensível e, em consequência, eficiente.
Podemos dizer que, ao usar figuras de estilo, é possível ir além do significado literal das palavras ou expressões, destoando de seu significado comum ou denotativo.
Por exemplo, quando dizemos que alguém é muito pão-duro, isso não quer dizer que a pessoa seja realmente um pão envelhecido, afinal isso não faria o menor sentido. Assim, usamos uma figura de linguagem para dizer que esta pessoa é avarenta.
Como as figuras de linguagem são classificadas?
As figuras de linguagem, de acordo com sua função, podem ser divididas em:
Figuras de palavras ou semânticas: estão ligadas ao significado das palavras.
Figuras de pensamento: combinam pensamentos e ideias.
Figuras de sintaxe ou construção: causam interferência na estrutura gramatical das orações.
Figuras de som ou harmonia: estão ligadas à sonoridade de cada palavra.
Quais são as figuras de linguagem e seus significados?
As figuras de linguagem possuem diversas nomenclaturas, conforme seu tipo e significado. A seguir, vamos explicar cada uma em detalhes.
Para ajudar você a não se perder, criamos uma tabela resumindo quais são as figuras de linguagens.
Seu filho pode imprimir e colar em seu ambiente de estudos, salvar no seu computador ou smartphone, e até mesmo compartilhar com os colegas ou com alguém que vá aproveitar esse resumo!
Figuras de palavras ou semânticas | Figuras de pensamento | Figuras de sintaxe ou construção | Figuras de som ou harmonia |
A comunicação se torna mais expressiva por meio do uso das palavras. | Envolve a combinação de ideias para dar mais expressividade à comunicação. | Costumam ser bastante ligadas ao estilo da escrita, e são utilizadas para deixar o texto mais expressivo. | A diferenciação na linguagem e expressividade na comunicação é produzida explorando a sonoridade das palavras. |
|
|
|
|
Figuras de Palavras
Nestes exemplos de figuras de linguagem, a comunicação se torna mais expressiva por meio do uso das palavras.
Metáfora
Provavelmente esta é uma das figuras de linguagem mais conhecidas e usadas em nosso dia a dia. Trata-se de uma espécie de comparação entre palavras com sentidos distintos, porém feita de maneira implícita, subentendida.
Por exemplo: “O amor é fogo que arde sem se ver”.
Neste caso, nossos mecanismos cerebrais conseguem entender que queremos atribuir características do fogo ao amor, como algo quente, que conforta, mas também pode machucar, e não literalmente que o amor é feito de fogo.
Além disso, se nesta frase estivesse escrito “o amor é como fogo que arde sem se ver”, não teríamos mais uma metáfora, e sim uma comparação. Ou seja, outra figura de linguagem, como você verá a seguir.
Comparação
Como explicamos acima, a comparação é muito parecida com a metáfora. Porém, agora, a relação entre as ideias ou elementos é feita de forma explícita e objetiva. Para isso, ela utiliza elementos conectores de comparação (assim, tal qual, como) para ressaltar os atributos que desejamos comparar.
Por exemplo: “Suas mãos estão frias como gelo”.
Metonímia
Na metonímia, uma palavra é substituída por outra com a qual possui relação. Ela acontece quando uma única palavra é usada para representar algo maior ou um todo que tenha ligação com ele.
Por exemplo: “Gostaria muito de comprar um Monet”. Neste caso, existe a substituição do autor pela obra.
Também podemos substituir o lugar pelo produto, como em “Ele gosta de beber champagne”. Neste caso, a palavra que denomina a região de Champagne, na França, é usada no sentido de “espumante produzida em Champagne”.
Outro tipo de substituição é do continente pelo conteúdo. Quando dizemos “beber um copo de suco”, na verdade bebemos o suco, e não o copo em si.
O mesmo ocorre quando dizemos que “vamos no dentista”. Na verdade, não vamos na pessoa, mas em seu consultório.
Catacrese
A catacrese ocorre quando um termo impróprio é usado por não haver outro mais específico ou por perda do sentido original.
Em outras palavras, é quando usamos um termo emprestado para nos referirmos a outa coisa que não possui um termo específico.
Por exemplo: “Já estamos há quase um ano de quarentena”.
Quando levada ao pé da letra (olha a figura de linguagem aí!), a palavra quarenta é relativa a um período de 40 dias. Porém, principalmente nos últimos anos, passou a ser usada com o significado de “isolamento”.
Pé da mesa, maçã do rosto e orelha do livro são outros exemplos bem comuns da catacrese sendo utilizada no cotidiano.
Sinestesia
Esta figura de estilo é caracterizada pelo uso de sensações envolvendo órgãos de sentidos diferentes. Como ela está muito ligada às sensações, é comum ver sua aplicação em poesia, na música e nas artes.
Por exemplo: “O doce som da chuva caindo”.
Neste caso, “doce” é uma sensação associada ao paladar, e não à audição, mas que empresta ao som suas características agradáveis e gostosas. Imagine se, por outro lado, escrevêssemos a frase assim: “O amargo som da chuva caindo”.
Conseguiu sentir a diferença?
Figuras de Pensamento
O conceito de figuras de linguagem de pensamento envolve a combinação de ideias para dar mais expressividade à comunicação.
Hipérbole
A hipérbole é nada mais que um exagero declarado no que se diz, como forma de enfatizar algo, exaltar uma ideia ou proporcionar maior impacto na comunicação.
Por exemplo: “Estou morrendo de frio”.
Assim como a metáfora, é um dos exemplos de figuras de linguagem mais usados no dia a dia e conhecidos pelas pessoas, sendo muito comum também em propagandas, para enfatizar alguma característica do produto ou serviço.
A pessoa pode até estar com bastante frio, mas dificilmente estará sujeita a um perigo fatal ao afirmar este tipo de coisa.
Eufemismo
Ao contrário da hipérbole, o eufemismo faz uso de uma expressão ou palavra mais leve, até mesmo agradável, para suavizar o peso da comunicação.
Por exemplo: “O cachorrinho foi para o céu”.
A figura de linguagem, aqui, ameniza a notícia de que o cachorro morreu. O significado continua sendo o mesmo, entretanto o tom se torna menos direto, pesado ou negativo.
Litote
Caracteriza-se por afirmar algo negando o contrário disso.
Por exemplo: em vez de dizer que uma pessoa é feia, diz-se que ela “não é bonita”.
Ironia
A ironia consiste em dizer algo claramente contrário ao que se pensa. É muito utilizada para expressar sarcasmo ou tornar a expressão de algo mais bem-humorada, ou como forma de dissimulação.
Por exemplo, quando alguém usa ironia para comentar algo sobre uma pessoa maldosa: “É um poço de bondade”.
Nem sempre a ironia é uma figura de linguagem fácil de reconhecer ou utilizar. Isso porque ela depende bastante do contexto no qual é usada e até mesmo da linguagem corporal.
Nesta situação, se não houvéssemos explicado que trata-se de alguém ruim, a frase poderia ser somente uma afirmação (usando outra figura de linguagem, você consegue identificar qual?).
Personificação
Também chamada de prosopopeia, significa atribuir características de seres humanos a coisas e animais.
É muito comum em fábulas, por exemplo: “A tartaruga disse para o coelho que venceria a corrida”.
Antítese
Na antítese, utiliza-se palavras com sentidos opostos em uma mesma situação. Seu efeito mais prático é fortalecer um ponto de vista e deixar os argumentos ou o discurso ainda mais claros.
Por exemplo: “O que seria da vida sem a certeza da morte?”
Por serem tão contrastantes e estarem próximos na frase, os termos “vida” e “morte” acabam tendo sua expressividade acentuada pelo uso da figura de linguagem.
Figuras de Sintaxe
Estas figuras de linguagem costumam ser bastante ligadas ao estilo da escrita, e são utilizadas para deixar o texto mais expressivo.
Elipse
Na elipse ocorre a omissão de uma palavra que pode ser deduzida facilmente, sem que isso altere o sentido original da frase ou o que deve ser comunicado.
Por exemplo: “Primeiro, começou a alugar. Depois, a vender.”
Nesta situação, o trecho “começou a” foi omitido da segunda frase.
Zeugma
De forma parecida com a elipse, a zeugma omite uma palavra por já ter sido usada anteriormente. A diferença, então, é que essa figura de estilo é usada para omitir nomes ou verbos já citados.
Por exemplo: “Você é luz, raio, estrela e luar.”
Neste caso, o verbo “ser”, em sua conjugação “é”, foi omitido pois deveria preceder todos os substantivos que vêm após “luz”.
Hipérbato
Também é conhecido como inversão. O hipérbato acontece quando a ordem direta da oração é invertida.
Por exemplo: “Agem como donos os funcionários”.
Na ordem direta (sujeito, verbo, objeto e complementos) esta frase seria escrita da seguinte forma: “Os funcionários agem como donos”.
Polissíndeto
Quando conectivos como “e”, “ou”, “nem”, entre outros, são repetidos propositalmente, ligando termos da oração ou períodos, trata-se do uso de um polissíndeto.
Por exemplo: “Os meninos brincavam e jogavam e pulavam”.
Pleonasmo
Essa é uma das figuras de linguagem mais conhecidas. Ela ocorre quando existe uma redundância nos termos da frase.
Por exemplo: “Vou subir para cima”.
Apesar de ser usado como um recurso de estilo na literatura, sua utilização do ponto de vista gramatical, principalmente no dia a dia, é considerada um vício de linguagem.
Figuras de Som
Nas figuras de linguagem de som, a diferenciação na linguagem e expressividade na comunicação é produzida explorando a sonoridade das palavras.
Aliteração
A aliteração é a repetição de sílabas ou consoantes de forma planejada. Trata-se de um recurso literário bastante usado.
Por exemplo: “Mesmo machucado meu marido marchou muito.”
Paronomásia
Neste caso, o efeito expressivo é alcançado pelo uso de palavras com sons parecidos, mas que possuem significados bem diferentes, de forma semelhante ao que ocorre com os falsos cognatos.
Por exemplo: “Mais que um sonho, possui a sanha de vencer na vida”.
Assonância
A assonância é muito parecida com a aliteração, porém acontece quando há a repetição de vogais.
Por exemplo: “A asa da ave ajuda a alcançar as alturas”.
Onomatopeia
Por exemplo: “O bem-te-vi possui um canto muito conhecido”.
Conclusão
Mais que um recurso estilístico, as figuras de linguagem são instrumentos para quem comunica se expressar, traduzindo sua sensibilidade, humor ou sabedoria em forma de palavras.
O conceito de figuras de linguagem também envolve a originalidade e a criatividade de pensamento, indo além do óbvio ao explorar novos sentidos para termos, frases e expressões, realçar a sonoridade e destacar elementos por meio de organizações diferentes na estrutura das orações.
Por tudo isso, é comum que elas sejam muito encontradas em ótimos livros e usadas por autores consagrados.
Depois de tantos exemplos de figuras de linguagem, você já deve saber como ajudar seu filho a
aplicá-las com muito mais segurança. Para ele continuar evoluindo e aprendendo mais, confira 11
técnicas e dicas para escrever uma redação!
Depois de tantos exemplos de figuras de linguagem, você já deve saber como ajudar seu filho a aplicá-las com muito mais segurança. Para ele continuar evoluindo e aprendendo mais, confira 11 técnicas e dicas para escrever uma redação!