Saber como trabalhar as emoções na educação infantil é algo cada vez mais importante dentro do currículo e da proposta pedagógica das escolas.
A demanda pelo desenvolvimento de habilidades socioemocionais contribui de inúmeras maneiras para um melhor desenvolvimento dos alunos, assim como para a criação de um ambiente social e de aprendizagem mais saudável.
Por isso mesmo, é comum vermos cada vez mais famílias, professores e profissionais envolvidos com a educação buscando atividades para trabalhar emoções na educação infantil.
Esta abordagem é motivada não só pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) , que orienta a elaboração de currículos em todo o país, mas também pelas próprias necessidades atuais de um mercado profissional e uma sociedade cada vez mais direcionados para as soft skills.
Quando a criança compreende as próprias emoções, ganha instrumentos para se desenvolver de maneira mais saudável e completa, responsável e autônoma, capaz de se relacionar melhor com as outras pessoas e consigo mesma, seja em um ambiente familiar, escolar ou profissional.
Diante disso, é necessário compreender como trabalhar as emoções na educação infantil e direcionar esforços para que isso aconteça de forma eficiente e produtiva, acrescentando habilidades socioemocionais ao desenvolvimento da criança.
Para você entender melhor este tema, continue lendo. Neste artigo vamos falar sobre os objetivos de trabalhar as emoções na educação infantil e apresentar algumas ideias de atividades lúdicas para trabalhar as emoções.
Saiba mais sobre o método Kumon e descubra como ele estimula o melhor de cada criança.
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Principais marcos do desenvolvimento infantil
O ser humano está em constante aprendizado, desde o momento em que nasce. Dos 0 aos 5 anos, esta aquisição de conhecimento ocorre de modo muito intenso, o que faz desta fase um dos períodos mais importantes para o desenvolvimento infantil.
Mas como saber se a criança está aprendendo de acordo com o esperado para sua idade? É aí que entram os marcos do desenvolvimento, um conjunto de habilidades que grande parte das crianças atinge em determinadas fases do desenvolvimento infantil.
Apesar de cada criança ter seu ritmo e se desenvolver no próprio tempo, os marcos ajudam pais, médicos e educadores a identificar atrasos no desenvolvimento.
Basicamente, eles podem ser divididos em quatro campos:
Socioemocional: capacidade de se relacionar de modo saudável e positivo, seguir instruções, regras e expressar as emoções.
Linguagem: capacidade de compreender a linguagem e aprender como usá-la.
Cognitivo: capacidade de pensar, resolver problemas e aprender.
Motor: capacidade de usar a coordenação motora grossa e fina em novas habilidades, como engatinhar, sentar, andar ou correr.
A seguir, veja como cada campo destes se comporta e quais são os principais marcos do desenvolvimento infantil de 0 a 5 anos.
Idade | Socioemocional | Linguagem | Cognitivo | Motor |
0 a 6 meses | Ri com cócegas, sorri. | Balbucia. | Movimenta os olhos de modo coordenado. Vira a cabeça em direção a sons. | Senta com apoio. Leva objetos à boca. Rola. Levanta a cabeça. |
6 a 9 meses | Ri e gargalha, entende o “não”. | Balbucia vogais e consoantes. | Responde pelo nome. | Senta sem apoio. Engatinha. Fica de pé segurando as mãos de alguém. |
9 a 12 meses | Imita sons e gestos. Interessa-se por outras crianças. Chora quando os pais saem. | Dá tchau acenando. Entende e pode falar “papai” e “mamãe”. | Aponta. Cutuca com o dedo. Responde a solicitações simples. | Caminha segurando nas coisas. Faz movimento de pinça. |
18 meses | Usa a imaginação para brincar. Estranha pessoas desconhecidas. | Aponta para mostrar coisas. Fala algumas palavras. Balança a cabeça para dizer “não”. | Segue orientações simples. Faz rabiscos. Aponta para partes do corpo. | Come com colher. Segura e bebe no copo. Caminha sem apoio. |
2 anos | Torna-se mais independente. Brinca perto de outra criança. | Aponta imagens em livros. Começa a formar frases. Repete palavras. | Empilha blocos. Começa a nomear formas e cores. | Arremessa bolas. Fica na ponta dos pés. Começa a correr. |
3 anos | Brinca com outras crianças. Preocupa-se com outras crianças chorando. | Fala seu nome e idade. Responde perguntas simples. Faz frases maiores. | Abre portas. Usa a imaginação e o faz de conta. | Corre com facilidade. Sobe e desce escadas. |
4 anos | Fala sobre gostos e interesses. Torna-se mais imaginativo nas brincadeiras. | Conta histórias. Fala frases longas. | Reconta histórias. Entende os conceitos de igual e diferente. Sabe o nome das cores e números. | Usa tesoura. Pula de um pé só. Agarra bola. |
5 anos | Distingue a realidade da fantasia. Quer ser como os amigos. | Fala seu nome e endereço. Usa o tempo futuro. | Reproduz algumas letras e números. Conta até 10 ou mais. | Consegue nadar. Escala pequenas alturas. Pula de um pé só. |
Qual o objetivo de trabalhar as emoções na educação infantil?
Quando a escola entende como trabalhar as emoções na educação infantil e coloca esta proposta em prática, contribui diretamente para o crescimento e desenvolvimento cidadão e humano de seus alunos.
Isso acontece porque a criança, quando aprende a reconhecer as próprias emoções e a entender as emoções de outras pessoas, dá um grande passo em direção à construção de características sociais fundamentais, como o respeito, a amizade e a empatia.
Os maiores desafios de trabalhar as emoções na educação infantil
Entender como trabalhar as emoções na educação infantil é um grande desafio para as instituições de ensino e os educadores, assim como para os pais. Para os responsáveis, dar atenção a aspectos socioemocionais ao mesmo tempo em que é preciso resolver tarefas da vida pessoal, profissional e familiar pode ser bastante desafiador.
Mesmo assim, é muito importante que você consiga dedicar parte do seu tempo para estas tarefas, já que este tipo de atenção aumenta – e muito – as chances de seu filho se tornar um adulto com um melhor desenvolvimento socioemocional.
Como trabalhar as emoções na educação infantil? 9 dicas
Diante de tudo isso, você deve estar se perguntando como trabalhar as emoções na educação infantil. Trata-se de um grande desafio, que deve incorporar os sentimentos e aspectos socioemocionais em diversas atividades lúdicas para trabalhar as emoções realizadas em sala de aula.
A seguir, descubra alguns jeitos de incluir o reconhecimento das emoções e desenvolvimento dos fatores socioemocionais no plano de aulas, com o objetivo de ajudar as crianças a alcançarem seu máximo potencial.
Invista na contação de histórias
Livros e histórias sempre são escolhas inteligentes e certeiras quando o assunto é desenvolvimento infantil. Com o desenvolvimento socioemocional não é diferente.
Use as fábulas, contos de fadas e outras histórias para falar de sentimentos com a criança, como, por exemplo, a solidão, inveja, ciúmes ou alegria.
Trabalhe a frustração
Nenhuma mãe, pai ou responsável gosta de ver a criança triste porque perdeu ou não conseguiu algo que queria, não é mesmo?
Porém, por mais doloroso que seja, a realidade é que estas situações são parte da vida de todas as pessoas, de todas as idades. Ou seja, em vez de negá-las, é melhor aprender a lidar com elas.
Assim, é importante para a criança saber que não há nada de errado em expressar suas emoções. O papel dos responsáveis é ajudar a criança a entender como agir diante de seus sentimentos de raiva ou tristeza. Assim, ela aprende a se conhecer melhor e a aplicar este conhecimento em inúmeras situações ao longo da vida.
Use brincadeiras
Nem sempre as palavras são suficientes para expressar as emoções, mesmo para os adultos, não é mesmo? Por isso, usar brincadeiras e jogos é um excelente jeito de ajudar a criança a se comunicar.
Atividades para trabalhar emoções na educação infantil, como fantoches, mímica e adivinhação, são bons jeitos de ajudar a criança a se expressar e comunicar com mais clareza o que sente.
Atividades artísticas, como o teatro, música e pintura, também são excelentes aliados para quem está em busca das melhores práticas sobre como trabalhar as emoções na educação infantil.
Desenvolva a empatia
Apesar de falarmos muito em empatia, é importante sempre manter em mente o fato de que as crianças são, por natureza, individualistas, então falar sobre empatia torna-se bem mais complexo do que pode parecer em um primeiro instante. Mesmo diante disso, é preciso dedicar bastante esforço a este assunto, já que a empatia é uma das principais habilidades socioemocionais.
Converse sobre as diferentes emoções
Nem sempre é fácil para a criança se expressar e falar sobre o que está sentindo e é necessário encontrar maneiras de ajudá-los a mostrar o que sentem em vez de guardar estas emoções.
A melhor forma de fazer isso é mostrando para a criança que existe abertura para que ela fale tanto de emoções positivas quanto negativas, sem julgamentos. Caso contrário, ela pode se fechar e perder a confiança.
Ensine o respeito às emoções
Encoraje a criança a expressar o que está sentindo, nomeando a emoção e o que a motivou, e nunca deixe de validar seus sentimentos.
Se uma criança estiver com raiva, por exemplo, pergunte a ela o porquê disso, em vez de simplesmente dizer que ela não pode se sentir daquela maneira ou deve parar com isso.
Quando o sentimento da criança é ignorado, minimizado, não acolhido ou mesmo punido, ela perde a oportunidade de se conhecer melhor e responder positivamente àquela emoção.
Utilize ilustrações ou fotografias
Crianças pequenas nem sempre conseguem entender bem o que os adultos dizem. Então, que tal usar ilustrações e fotografias para criar um álbum de sentimentos e emoções?
Para isso, você pode usar recortes de revistas e jornais, desenhos ou mesmo fotos para ilustrar as emoções de maneira lúdica e bem visual. Como a criança consegue ver as expressões de alegria, raiva, tristeza ou medo, fica mais fácil entender como trabalhar as emoções na educação infantil.
Se você quiser ir além, engate uma conversa com a criança sobre os motivos pelos quais ela acha que a pessoa do álbum está se sentindo daquela maneira. Este é um ótimo jeito de estimular a empatia e o olhar para o próximo.
Brinque de simular emoções
É responsabilidade dos adultos oferecer os modelos e conceitos para as crianças saberem como identificar e nomear as emoções. Uma criança aprende o que é alegria quando os adultos dizem que estão alegres, ou que alguém ficou alegre por determinado motivo.
Para saber como trabalhar as emoções na educação infantil neste sentido, é possível brincar de simular as emoções. Comece fingindo sentir algo, como medo ou raiva, e peça para a criança identificar esta emoção.
Depois, você pode estimular a criança a fazer uma simulação também, seja com você, a professora, os amiguinhos ou mesmo com um espelho, no qual podem ver suas expressões faciais.
Aproveite situações do dia a dia
Descobrir como trabalhar as emoções na educação infantil é um processo trabalhoso, que deve ser feito dia após dia.
Ou seja, além de tudo o que trouxemos neste artigo, você pode utilizar situações cotidianas para ajudar a criança a colocar em prática seu aprendizado socioemocional.
Ela pode, por exemplo, notar que determinado coleguinha está com medo e tentar entender por que aquilo está acontecendo, além de procurar uma resposta para o que poderia ajudá-lo a se sentir melhor diante de tal situação.
Conclusão
Saber como trabalhar as emoções na educação infantil é fundamental para desenvolver a inteligência emocional das crianças desde que elas ainda são pequenas.
Quando a criança não aprende como reconhecer suas emoções e lidar com fatores emocionais, tem mais chances de desenvolver quadros de ansiedade e depressão, por exemplo. Por outro lado, crianças que recebem uma educação socioemocional tornam-se adultos mais tranquilos, confiantes e com maior qualidade de vida.
Ajudar a criança a trilhar este caminho é papel tanto de pais quanto de educadores. Quando há uma verdadeira parceria entre família e escola, quem sai ganhando são sempre as crianças, que recebem instrumentos para se tornarem adultos maduros emocionalmente.
Se você gostou deste artigo e quer continuar descobrindo como trabalhar as emoções na educação infantil,
não deixe de conferir este importante post que fizemos sobre bullying na escola.